SECA
24 • Cidades • Brasília, terça-feira, 16 de agosto de 2011 • CORREIOBRAZILIENSE
» LUIZ CALCAGNO
» FLAVIA MAIA
» MANOELA ALCÂNTARA
Abaixa umidade do ar impõe ao brasiliense a terceira seca mais severa da história do Distrito Federal. Ontem, o Instituto Nacional de meteorologia (Inmet) registrou índice de 10%, percentual registrado apenas em 2002 e 2004. A população sentiu os efeitos do tempo. Entre as reclamações mais recorrentes estão o ressecamento dos olhos e lábios, cansaço e dificuldades respiratórias. A temperatura, no período da tarde, bateu os 27,4º C. No início da tarde, a Defesa Civil divulgou nota decretando estado de alerta em todo o DF, medida que revê a adoção de cuidados básicos em períodos como esses. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, com a porcentagem registrada, o correto seria determinar estado de emergência, que exige a suspensão de atividades como sessões de cinema, expediente em anteiros de obras e aulas. Segundo o major Alexandre Ataídes, da Defesa Civil, essas medidas não foram adotadas porque o período mais intenso durou menos de três horas consecutivas. “Passamos orientações a escolas e empresas. A fase severa foi apenas das 14h às 15h. Se os níveis continuarem baixos, teremos que tomar outras providências.” O estado de alerta prevê a suspensão de aulas de educação física, além da ingestão de muita água (veja quadro). Até o fim da semana, o brasiliense deve continuar preparado para enfrentar dias como o de ontem. Há 66 dias, não chove na cidade e, segundo o Inmet, uma massa de ar quente e seco está sobre a região Centro-Oeste e, por isso, a situação deve se prolongar. “Não existe previsão de chuva para o DF até o fim de agosto. Esta semana, a umidade deve girar em torno de 20%”, destaca o meteorologista Mamedes Luiz Melo. Em1963, foi registrado o maior período de estiagem na região: 164 dias. No domingo, a temperatura variou entre 28,4º C e 15,7º C. A previsão para a madrugada de hoje era de 14º C. Para combater os efeitos da seca, a direção da escola Setor Leste, na Asa Sul, recomendou aos alunos que levem garrafas com água para as salas de aula e resolveu dar dois intervalos aos estudantes do turno vespertino. Muitos alegavam estar passando mal, com dores de cabeça e fraqueza. A aluna Mércia Caroline Souza, 17 anos, não seguiu a orientação de reforçar a hidratação. “Apesar do calor insuportável, esqueço de beber água.Minha mãe e os professores têm que ficar lembrando”, admite.Na unidade, as aulas de educação física estão suspensas desde a última sexta-feira, já que quadra de esportes não é coberta. De acordo com a biomédica Bruna Amaral, as complicações alérgicas e respiratórias são os principais inimigos durante a seca.
Bruna explica que o problema é causado pelo ressecamento das mucosas. “O nariz também sangra e o lábio racha. É preciso beber muito líquido, evitar atividades físicas antes das 17h e, ao menos uma vez ao dia, usar soro fisiológico no nariz e nos olhos”, recomenda.
Saúde
Na Candangolândia, as babás Maria Gorete das Dores, 51 anos, e Maria Carvalho, 38, redobraram os cuidados. Além de oferecer muito líquido aos pequenos, parquinho, só depois das 17h. “Não tem como deixar os meninos presos em casa, então, eles só saem quando o sol está mais baixo. Antes, precisam hidratar”, garante Gorete. “Em dias como o de hoje (ontem), trago uma garrafa d’água para eles se refrescarem também enquanto brincam. Este ano, tenho a impressão de que a seca está mais forte. Os meninos estão ficando gripados por causa da poeira”, relata. A baixa umidade do ar atingiu até omovimento no comércio. De acordo com Carlos Alberto Soares, gerente de um supermercado localizado na avenida Central do Núcleo Bandeirante, as vendas caem cerca de 10% nos períodos da manhã e no início da tarde, quando o dia está mais quente. Para combater a falta de clientes, o estabelecimento aposta na criatividade. “Quem mora mais perto concentra as compras no fim da tarde. Estamos com promoções de sucos, cerveja, polpa de frutas e refrigerantes, já que são itens bastante procurados”, explica. Somente nesta segunda-feira, até as 20h, o Corpo de Bombeiros havia recebido 258 chamadas comunicando a ocorrência de incêndios. De acordo com o major Alexandre Ataídes, da Defesa Civil, eles poderiam ser evitados com ajuda da população. “Alertamos a comunidade para tomar medidas simples, como não jogar pontas de cigarro nas matas, evitar queima de lixo ou qualquer outra ação que favoreça os incidentes”, observa.
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